quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Passe de Mágica ou Economia Sobrenatual ou Quando o inverno chegar eu quero estar junto a ti


O calendário Maia, criado pelo cantor Tim Maia, é diferente dos outros calendários porque tem um fim. O fim do mundo, o fim do tempo, provavelmente as duas coisas e se dará por volta de 2012. Alguns sequelados por Tim chegam até a apontar uma data: 21 de dezembro de 2012. Bom, de repente adquirir um empréstimo, mesmo com juros caralhosféricos com vencimento em 22 de dezembro do macabro ano, pode ser uma boa pedida.

Mas não é prestar consultoria econômica que quero , na verdade pode até acabar sendo, mas sim falar de um dos aspectos desse tal fim do mundo previsto por Tim Maia. Falo do Colapso do Sistema Financeiro, CSF pra abreviar tecladas. Seria um dia glorioso para os ativistas, revolucionários, anarquistas, comunistas e revoltados independentes, seria o Fim do Capitalismo, FC agora então. Impossível predizer como o FC será, nem a reação do planeta e nem se nossos rabos sairão ilesos da confusão, pois nada garante que não ocorra uma tremenda suruba depois do FC.

Vários estudiosos, na maioria uns chatos, mas que estão sacando os sinais, afirmam que o CSF está próximo, a bolha está prestes a explodir - tomara que não seja uma bexiga cheia de merda. Basta ligar os pontos, a Bolha da Internet, a queda do World Trade Center, o fracasso das políticas do FMI na América Latina e na Ásia e o escândalo das fraudes de contabilidade em megacorporações americanas. Estamos todos com a estranha sensação de termos nossas carteiras batidas ao mesmo tempo em que sentimos o navio lentamente afundar.

E o CSF parece o único jeito de fazer com que todos o filhos da puta que nos fodem, se fodam. Nem que a gente se foda também, mas vamos ser francos, nós JÁ estamos fudidos.

Mas enfim, utilizar o místico Calendário de Tim Maia pra prever o CSF e seu filho FC, pode mesmo ser a melhor piada a ser contada diante do Capital, pra fazê-lo sentir-se constrangido, pois hoje ele adquiriu auras místicas.

Observe como as coisas estão. Seja nas brigas de facas para se obter um emprego, nas contas do dia-a-dia ou para justificar qualquer ato de natureza política ou de qualquer natureza, até sexual, o "mercado" está à espreita, puxando os pés dos incautos e dos que dormem, assombrando o homem comum com possibilidades que vão além da sua compreensão.

As corporações, por sua vez, são entidades impávidas, seres mitológicos que são tão implacáveis em punir, quanto em premiar. Fazem o bem e o mal ao mesmo tempo, senhoras de seus próprios narizes, donas de juízos temperamentais. Elas estão em todos os lugares, sabem tudo, vêem tudo: são deuses modernos, um Olimpo. Já o mercado, age como aquelas divindades menores - faunos, fadas, duendes, sacis, curupiras e gnomos -, dando potes de ouro para uns e tornando a vida de outros um inferno.

Hoje dispomos de diversos dados para formularmos nossa própria explicação para o que está acontecendo, mesmo ficando cada dia mais estúpidos como estamos ficando. Só que a grande maioria das pessoas sequer sonha que existe algo a ser explicado. Simplesmente aceitam, como os Vikings que acreditavam que o trovão era o barulho do martelo de Thor.

Esta mistificação de uma ideologia, no caso atual o capitalismo, não é inédita na história . Só que agora ela é muito mais poderosa. A grande sacada da economia foi se basear em algo que não tivesse o menor vínculo com a realidade. Quando as multinacionais norte-americanas viram que era possível se apropriar dos mercados de outros países, Richard Nixon, o cara que dizem que matou Janis Joplin, Jimi Hendrix e Jim Morrison, numa mega operação secreta que durou dois meses, soltou o vínculo que o dólar tinha com a realidade - a quantidade de riquezas que o país possuía.

Foi em 73, se não me engano, que aconteceu isso. O Filho da puta, ou o fantoche dos filhos da puta ou um repolho disfarçado de humano, chamado Nixon, tirou o lastro que o dólar tinha com o ouro, tornando-o mais valioso que o ouro, como num passe de mágica. Tirou a economia da realidade e entregou-a ao campo das idéias perfeito, o mundo fantástico da matemática, onde tudo é possível.

Fico imaginando a surpresa dos daqueles doidões ancestrais dos hippies, que eram os alquimistas, ao saberem que a busca pelo ouro sintético não tinha nada a ver com química ou palavras mágicas, mas com números! Era a Matemática, seus porras!! A pedra filosofal, uma invenção da Cabala! Puta que o pariu! Porque caralho não pensei nisso antes??

A racionalidade fria dos números justificam qualquer motivação política e o mercado age como um mundo sobrenatural, povoado por pessoas que não agem como pessoas comuns - servem a senhores sem rosto, patrões que são palavras, símbolos, sinais. Comunicam-se com uma linguagem hermética, que não representa nada palpável, palavras mágicas incompreensíveis para manés como nós, as pessoas comuns.

Ciências ocultas? Magia? Harry Potter!!

E ainda por cima, depois de institucionalizada e tornada pública e tornada doutrina e vendida como objetivo profissional, a magia assumiu os contornos de religião. E os anos 90 assistiram às reformas religiosas - as privatizações.

A Internet, o narcotráfico global, a indústria militar, o fortalecimento do sistema bancário, a política neo-liberal, o fim das reservas de petróleo e o boom da economia norte-americana abriram as portas da nova religião a cordeiros trouxas. Foram os Zé Ruelas que, motivados a adquirem uma fortuna, acabaram criando uma quantidade de dólares de dimensões caralhométricas - inflacionaram o Olimpo. Quando um monte de aspirantes a corruptos ou milionários de quinta categoria entendeu que o jogo do banco imobiliário da vida real permitia inventar dinheiro sem precisar falsificar notas, o Titanic bateu no iceberg (alguns dizem que devido ao excesso de peso à direita).

A bolha está instável. Não se sabe qual será o fato que concretizará a profecia de Tim Maia. O planeta está tão caótico que um ponto de singularidade insignificante pode catalisar o CSF e essa explicação por fim me deixa bem na fita e me deixa desconfiado de que afinal de contas, posso ter alguma serventia. E se o tal evento insignificante seja o vazamento na Internet, da nova música da Banda Calypso?

Hein? Hein?